A fome emocional é uma grande vilã quando o objetivo é emagrecer, uma vez que a fome emocional faz com que você coma mais ou menos de acordo com seu emocional. A sua semana pode ter muitos altos e baixos e toda a alimentação já vai ficar comprometida com isso, talvez venha uma ideia de impotência, de falta de controle, por que realmente você não consegue controlar tudo o que acontecerá no seu dia a dia.

E uma porção de emoções surgem quando isso acontece: frustração, o medo de como será o outro dia, o receio de acabar saindo do plano alimentar novamente, o estresse. E voltamos para o ciclo do comer emocional. Isso tudo gera uma certa ansiedade em não saber como vai ser. E a ansiedade nos deixa assim: sem tempo para o agora, só pensando no depois.

O processo de sair desse ciclo pode ser muito difícil, às vezes por anos a fio você vem fazendo isso sem nem perceber. O primeiro passo e mais importante é perceber que está no ciclo do comer emocional. Mas também é muito importante buscar a ajuda profissional de um psicólogo para que consiga identificar melhor as raízes desse comer emocional e o que continua mantendo você nesse ciclo.

O psicólogo pode te ajudar a identificar que emoções são essas que surgem e qual é a sua real necessidade, que já vimos que não é do alimento em si, mas uma necessidade emocional que pode estar ainda um pouco nebulosa ou não tão clara. Quando você identifica essa necessidade junto ao psicólogo, fica mais fácil encontrar alternativas mais saudáveis para suprir a sua real necessidade.

Na gestalt-terapia, por exemplo, se aborda a importância do aqui e agora, afinal, como diz aquela frase: “o ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente”.

Atenção plena

Nesse sentido, compartilho uma proposta muito interessante que se chama mindful eating, que traz a ideia de mindfulness, ou seja, da atenção plena, para a alimentação.

Quando falamos em atenção plena parece algo muito simples, mas na verdade a todo momento somos tomados por diversas distrações: a TV ligada, os compromissos que teremos em seguida, a mensagem no WhatsApp. Prestar atenção virou artigo de luxo. Mesmo quando estamos numa conversa, muitas vezes estamos dividindo a atenção entre a conversa e uma “espiadinha” nas redes sociais.

Acontece que a atenção é uma função cognitiva muito importante, imagine comigo: se você estivesse aprendendo a dirigir mas não tivesse usando toda sua atenção, talvez não conseguiria aprender, certo? Mas, depois que você aprende a dirigir fica muito mais fácil e você já consegue ouvir uma música enquanto dirige, ter uma conversa com o carona, enfim. Esse ato de dirigir se torna automático e isso nos poupa tempo e energia para que possamos prestar atenção em outras coisas importantes. Isso acontece com diversas coisas na vida além de dirigir, como andar de bicicleta, caminhar, tomar banho, às vezes até fazer uma comida e inclusive comer.

Mas aí que mora o perigo: quando tornamos o comer algo automático não prestamos mais atenção, focamos em outras coisas e deixamos em segundo plano o saborear e inclusive o nosso indicador de que estamos satisfeitos fica desregulado.

Por isso, mais uma vez, prestar atenção parece ser muito simples na teoria, mas voltar a prestar atenção às pequenas coisas como comer pode ser um grande desafio. E certamente eu te convido pra se desafiar nesse sentido: durante esse semana, todos os dias, escolha pelo menos uma refeição e se desafie a prestar atenção de verdade.

Passo a passo para concentração

Primeiramente tire as distrações de perto. Deixe o celular um pouco longe, desligue a TV ou rádio, e sente-se de uma maneira confortável. Olhe para a comida, perceba a aparência: como é? Veja as diferentes cores, perceba as diferentes formas, sinta o cheiro que a comida tem, pegue uma garfada ou colherada e sinta de verdade o gosto. Com bastante calma mastigue, como se fosse uma comida totalmente diferente que você nunca tivesse experimentado e quer saber se gosta ou não, como se você tentasse adivinhar do que é feito ou quais temperos têm, sentindo a textura e a mistura dos sabores.

Perceba que sensações e sentimentos esse alimento te traz. Se te ajudar a se concentrar ainda mais feche os olhos enquanto mastiga e concentre toda sua atenção na sensação que está na sua boca e paladar. Faça isso mais uma vez, tente pegar apenas um alimento e veja como é o gosto dele sozinho, e como é o gosto dele combinado com outro.

É claro que essa é uma experiência pontual, que você vai fazer com mais calma e tempo, mas também podemos tentar colocar isso no dia a dia de uma forma mais simples, percebendo o sabor, o visual e o cheiro que tem nossa comida, qual sua textura e sabores. Realmente concentrando a atenção na alimentação e tentando evitar outras distrações.

Pode não ser fácil aplicar essa experiência no seu dia a dia, e identificar essas emoções que muitas vezes ficam confusas e que acabamos suprindo com a comida também não é uma tarefa fácil. Mas é importante saber que você não precisa estar sozinho nessa.

Se puder, faça terapia!