Como controlar crise de ansiedade é uma dúvida cada vez mais comum. Sempre fica essa questão: como posso ajudar alguém que com crise de ansiedade?
Primeiro, é importante entender alguns princípios básicos que serão muito úteis para te ajudar a não piorar a situação.
Sintomas da crise de ansiedade
A ansiedade gera uma série de mudanças no nosso corpo. Cada pessoa terá um conjunto de sintomas de ansiedade diferentes. Alguns terão mais gastrite, outros terão mais palpitação, outros terão mais dores de cabeça e no corpo, enfim. A combinação que cada indivíduo faz dos sintomas e do nível de cada sintoma é única.
Sistema simpático
O mais importante a se saber é que os sintomas de ansiedade, em sua maioria, fazem a ativação do sistema nervoso simpático. Esse sistema, resumidamente, é o que nos deixa alerta e ativos, dá energia e força para lutarmos ou fugirmos das situações.
Todos temos esse sistema, é o que nos faz acordar, levantar da cama. Mas a pessoa com ansiedade, principalmente na crise de ansiedade, está com esse sistema à mil, super ativado.
Sistema parassimpático
Esse sistema tem um oposto: o sistema nervoso parassimpático. Ele faz exatamente o contrário: diminui a energia e nos ajuda a dormir, por exemplo, ou a fazer a digestão, entre outras coisas. Então, uma forma de ajudar alguém numa crise de ansiedade é fazer a ativação do sistema nervoso parassimpático. Como?
Esse processo todo acontece de uma forma muito rápida no corpo e geralmente sem muito controle, pois é um sistema mais antigo na história da humanidade.
Sistema límbico
Mas uma coisa é importante que você saiba: existe no cérebro um sistema mais antigo, que chamamos de sistema límbico e que é responsável pelas nossas respostas mais automáticas e emocionais. E existe uma parte do cérebro que é mais recente: o córtex, que é responsável principalmente pela nossa capacidade de raciocínio, nossos pensamentos, etc. Esse sistema mais antigo geralmente tem uma resposta mais rápida, é mais instintivo. Já o córtex leva um pouco mais de tempo para conseguir agir diante de uma situação.
Vou dar um exemplo que facilita a compreensão: se você está concentrado, fazendo uma atividade qualquer, por exemplo, lendo um livro em casa, e alguém que mora com você chega e lhe assusta, a primeira reação é o medo. Nesse momento, seu sistema nervoso simpático ativa na hora, sem pensar. Quando você percebe que é a pessoa que você conhece, seu córtex vai agir e dizer “não preciso ter medo, é uma pessoa de confiança”. Porém ainda que o córtex te ajude a compreender isso, o seu corpo por um certo tempo fica com aquela sensação, afinal é uma descarga muito intensa de medo. E aos poucos você volta ao normal, seu sistema nervoso parassimpático entra em ação. Essa é a dinâmica.
Agora que você entende isso fica mais fácil ajudar alguém com ansiedade, afinal, é possível entender porque dizer “não é nada”, “é só ignorar”, “não precisa sentir isso” não funciona: o córtex leva um tempo para fazer o sistema nervoso parassimpático agir e diminuir todas as sensações.
Como controlar crise de ansiedade
Bem, tem uma coisa que podemos fazer de forma consciente: mudar nossa respiração e contração muscular. São coisas que nosso córtex tem mais domínio e por isso pode ser esse um ponto de início.
Então, numa crise, ajude a pessoa a lembrar de respirar profundamente e soltar o ar devagar. Esse pequeno movimento ajuda a ativar o sistema nervoso parassimpático e ajuda a pessoa a começar a se acalmar.
Ajude também a pessoa a se movimentar, esticar as pernas, ou mesmo acompanhe ela em uma caminhada pequena. Gastar a energia em uma atividade pode ser muito benéfico para diminuir a crise quando ela acontece.
São pequenas coisas que você pode fazer para ajudar quem está numa crise de ansiedade. O ideal é a ativar o sistema nervoso parassimpático para ficar um pouco mais calmo.
Mas lembre-se de indicar psicoterapia para essa pessoa que teve uma crise de ansiedade. Passar pelos momentos de crise pode ser muito difícil. O profissional da psicologia pode ajudar a compreender melhor tudo isso e encontrar meios de lidar com as crises.
Se puder, faça terapia!