Já pensou que sintomas físicos podem ter algo pra te dizer e indicarem problemas psicológicos? Em geral, quando temos um problema ou estamos doentes, temos logo vontade de procurar algo para fugir ou retirar aquilo, acabar logo com o problema, não é mesmo? Seja tomando um remédio ou evitando entrar em contato com a causa do problema.

Acontece que na nossa vida as coisas não acontecem à toa. Para a gestalt-terapia, abordagem dentro da psicologia clínica, todo sintoma traz, de alguma forma, um pedido existencial. Mas o que isso quer dizer?

Bem, isso quer dizer que tudo que nos acontece, todo sintoma que aparece, de alguma forma pode ser olhado a partir da seguinte pergunta: o que essa situação, sintoma ou dificuldade quer me mostrar ou me ensinar?

Vou dar um exemplo, hipotético: vamos supor que você tem estado muito estressado, com muitas atividades, muitas demandas, cada dia chegam novas tarefas e você vai pegando pra você, até um momento em que você começa a ter insônia, não consegue mais focar, além disso questões familiares, dificuldades relacionais, etc., começam a ser presentes. Você se sente muito nervoso e ansioso, se sente sobrecarregado, e chega em um momento de estafa, um cansaço mental extremo.

Em certo momento, você começa a sentir uma palpitação muito intensa, começa a ter tremores, sentir dormência nos braços, fica meio tonto e sente que está sem ar. Logo pensa que está tendo um ataque cardíaco. Ao ir pro hospital, você se sente um pouco mais calmo, mas ainda está nervoso com o que pode ter acontecido e se pode acontecer novamente. O médico lhe diz: não é nada fisiológico, é só ansiedade.

Neste exemplo, podemos pensar (mas, não generalizar, claro) que a sobrecarga de atividades, os problemas relacionais e familiares e a sensação de estar se afundando no trabalho, por exemplo, podem ser considerados a causa do problema, esse problema, neste caso, é a ansiedade.

Se pensarmos em qual pedido esse problema está trazendo, ou o que ele está querendo mostrar ou ensinar, podemos pensar, por exemplo (novamente, cada situação será única e cada pedido vai estar relacionado à cada pessoa e situação em especial) que o movimento de cuidado que foi ir ao médico, por exemplo, foi um primeiro passo. Talvez esse pedido existencial seja de autocuidado, de respirar fundo, de não se encher com demandas e acabar deixando coisas importantes como a própria saúde ou as relações se desfazerem.

Nossa psique é muito esperta, por meios curiosos ela pode nos trazer esses recados e ensinamentos para a vida. Vamos supor, em outro exemplo, que você tem muitas dores de cabeça. Sempre muito atarefado também, você pensa demais, se preocupa demais, em outros termos, você enche demais sua mente com medos e possibilidades. De alguma forma, essa dor de cabeça pode estar te indicando que sua mente está cheia demais, precisa esvaziar.

Neste exemplo acima, muitas vezes buscamos tomar um remédio, assim a dor de cabeça passa e podemos continuar nosso fluxo normal de pensamentos e atividades. Esta mente cheia pode ser comparada a um balde cheio que está sob uma goteira: ao tomar o remédio, tiramos o perigo iminente de transbordar, tiramos uma porçãozinha de água desse balde cheio, mas continuamos deixando ele embaixo da goteira, até que ele chegue pertinho de transbordar, novamente.

É claro que precisamos sempre entender que existem muitas doenças e sintomas fisiológicos que precisam sim ter o devido cuidado médico e, às vezes, medicamentoso, desde que sob orientação. Mas quando essas reações fisiológicas não estão presentes, podemos fazer essa reflexão. Na verdade, mesmo que haja uma questão fisiológica você pode perguntar para si mesmo: tem algo que essa doença pode estar querendo me ensinar ou mostrar?

O processo de psicoterapia também é uma possibilidade e um caminho para te auxiliar a compreender melhor esses pedidos existenciais, ou ver melhor esses aprendizados que suas dificuldades e sintomas podem estar querendo te trazer.

Se puder, faça terapia!