Você provavelmente já viu o filme Divertida Mente, da Walt Disney. É um filme de animação e traz muitas reflexões sobre como agimos no mundo a partir das nossas emoções e mostra um pouco de como as emoções funcionam. Também mostra por que precisamos delas, ainda que sejam as ditas “emoções negativas”.

Na ciência não há um acordo absoluto sobre quais seriam as emoções básicas, mas poderíamos sim dizer que a alegria, tristeza, medo, raiva e nojo, representadas no filme, são básicas.

E o que isso quer dizer? Quando falamos em emoções básicas significa que todo ser humano sente elas, ainda que de diferentes culturas, de diferentes tempos na história. São emoções que todos sentimos e conseguimos perceber a partir do que o nosso corpo expressa e do que o outro expressa também.

Quando alguém chora, consigo perceber que emoção é essa. E uma pessoa que mora na China vai também conseguir distinguir que emoção é essa. É dessas emoções propostas no filme Divertida Mente que quero compartilhar para entendermos para que servem.

Alegria

A alegria motiva, anima e convida a fazer mais daquilo. O nosso corpo fica empolgado quando estamos alegres e uma série de sensações boas e de hormônios de prazer inundam o cérebro.

O cérebro tem um sistema de recompensa que basicamente funciona assim: se algo é muito bom eu vou querer fazer mais e se algo é ruim, eu não vou querer mais aquilo. Por isso, quando nos sentimos alegres ou bem com alguma situação ou alguma pessoa, por exemplo, queremos estar mais vezes junto. A alegria nos motiva a querer mais.

Tristeza

A tristeza tem uma função importante de reparação pessoal. Geralmente acontece diante de alguma perda. Quando ficamos tristes, o corpo diminui a atividade para que possamos guardar energia. O choro é uma forma de expressar e colocar para fora a tristeza. Ele possibilita sentir essa tristeza e expressar ela.

Depois desse momento de tristeza, expressão e aceitação da perda -seja de uma pessoa, um objeto, uma posição na carreira, nos sentimos um pouco mais leves, com a possibilidade de seguir em frente.

A função de reparação da tristeza, ainda que não seja bacana se sentir triste, é uma importante forma de sintetizar e entender aquela perda para poder seguir em frente.

Medo

O medo tem uma função de preservação: diante de uma ameaça (real ou imaginária) nós sentimos medo e nosso corpo se prepara para nos defender. O sangue se mobiliza de forma a nos dar mais força, ficamos alertas a qualquer mudança sutil ao redor, nos preparamos para lutar ou fugir.

O corpo se prepara e fica em estado de alerta para agir a qualquer momento. O objetivo é nos preservar e salvar de um possível perigo.

Às vezes o medo pode causar também um comportamento de paralisação, o famoso “ficar sem reação”. Isso acaba por impedir uma reação adequada de preservação diante da situação de ameaça.

Raiva

A raiva nos mobiliza diante de uma frustração, injustiça ou ofensa e possibilita a restauração do sentimento de integridade. Como assim? O corpo todo, na raiva, se mobiliza e ganha mais força para lutar, seja fisicamente ou não, para defender direitos, impor limites, defender o espaço pessoal.

A expressão da raiva também é um jeito de avisar ao outro aquilo que ele fez e que não foi bacana. Quando a nossa feição se fecha por exemplo, é uma forma de expressar essa insatisfação com algo que aconteceu. Então, apesar da raiva ser uma emoção dita “ruim”, é necessária também.

Nojo

O nojo, por sua vez, tem uma função interessante de preservação. Ele evita que nos contaminemos com alguma comida estragada, por exemplo, ou com uma relação que pode ser tóxica, por assim dizer.

Evolutivamente não nos contaminarmos com os alimentos era algo muito importante. Quando você toma um café com leite e ao dar o primeiro gole o paladar identifica que o leite azedou, a resposta mais comum é que você cuspa aquilo para não se intoxicar. Nosso corpo está, nesse sentido, bem preparado. É uma forma de preservação.

O nojo evita que a gente se contamine: é um alerta para que não façamos algo que possa ser ruim para nós.

Já tinha parado para pensar em como nossas emoções nos ajudam no dia a dia? Por isso é tão importante cuidarmos com carinho de todas elas. Se puder, faça terapia.