Você certamente tem seus princípios e ideias que são fundamentais para você. Muitas vezes pensamos: se um dia isso acontecer comigo, eu agirei assim, assim e assado. Mas na prática, será que essa previsão é tão possível? Será que sob circunstâncias complexas conseguimos realmente agir totalmente de acordo com o que imaginamos ser o ideal?

Caso você já tenha passado por um assalto, por exemplo, pode ter pensado que não sabia muito bem o que fazer, mas de um jeito ou de outro você fez algo: reagiu, não reagiu? O fato é que as situações sociais nos colocam em cheque e nos solicitam atitudes.

Existe uma área da psicologia que estuda fenômenos sociais, é a psicologia social. Existem muitos estudos e diversos experimentos sociais feitos. A base é colocar as pessoas em situações elaboradas, para notar como elas agiriam diante daquilo. Um experimento muito curioso que trata desse fenômeno da conformidade social é o experimento da sala de espera, em que um grupo se levantava sempre que um sinal sonoro era liberado. Este grupo inicial já sabia o que iria acontecer e estavam atuando de acordo com o combinado. No grupo foi colocada uma jovem que não sabia de nada, aos poucos todos se levantavam com o som e ela foi se conformando àquele comportamento grupal. Até que todos saíram da sala aos poucos e ficou apenas aquela jovem. O que ela fez? Continuou a se levantar como “aprendeu” com o grupo.

Aos poucos, neste experimento, foram incluindo pessoas que não sabiam de nada e começaram a ser influenciados pelo comportamento daquela primeira jovem que se levantava cada vez que tocava o sinal sonoro. Quando perguntaram porque estava se levantando, ela disse não saber, mas que todos estavam fazendo isso antes.

É um experimento curioso e até um pouco engraçado. Caso queira pesquisar na internet, facilmente encontrará o vídeo com este experimento.

Mas o que isso quer dizer de um modo mais geral em nossas vidas? Bem, somos seres sociais e existe um sentimento muito intenso, uma necessidade de fazer parte dos grupos. Essa necessidade aparece logo cedo em nossa infância, quando observamos o comportamento dos nossos grupos: família e colegas de classe, e vamos nos adequando à estes comportamentos.

Isso vale tanto para coisas positivas, como respeitar as regras, ser gentil e educado, como para comportamentos não tão positivos, como roubar ou mentir. Ou seja, o nosso meio social tem uma influência em como vamos nos formando. Absolutamente não é algo determinado, mas tem forte influência sobre como somos e nos ideais e princípios que formamos.

Prisão de Stanford

Outro experimento que foi mais intenso e que gerou muita discussão foi o de Philip George Zimbardo, que buscava entender essa premissa de que todos nascemos bons e a sociedade nos corrompe.

Como foi esse experimento polêmico? Em 1971 na Universidade de Stanford, foi desenvolvido um estudo em que alguns acadêmicos foram convidados a participar, e receberiam um valor para isso. Alguns foram escalados para fazer um papel de policiais e outros de prisioneiros.

A “prisão” foi feita num porão na própria universidade. O que aconteceu foi que no primeiro dia tudo correu normalmente, depois disso os que estavam em papel de prisioneiros foram se rebelando e os que estava em papel de guardas começaram a agir de forma muito rígida e sádica, obrigando os presos a ficarem com os próprios dejetos, acordarem para contagens no meio da noite, dormirem diretamente no chão sem colchão, fazerem encenações e cantarem hinos sem qualquer motivo a não ser seu bel prazer.

A polêmica do experimento foi muito grande. O mesmo deveria durar por 15 dias, mas no sexto dia o experimento teve que ser interrompido pois o responsável, Philip Zimbardo, percebeu que estava indo longe demais.

O experimento da Prisão de Stanford ficou muito famoso. No entanto, muitos estudos foram feitos em outros países e não chegaram ao mesmo resultado, por conta disso o estudo foi criticado piamente pela comunidade científica por sua metodologia. Aparentemente, os guardas haviam sido incentivados a agir de forma firme e dura com os detentos, e os detentos foram impedidos de sair do experimento, mesmo solicitando.

A questão que fica é: a sociedade e o nosso contexto tem certa influência sobre nós, sim. Mas quanto também somos responsáveis por nossas escolhas e atos?

Se puder, faça terapia.

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